quarta-feira, 13 de junho de 2012

Casais que vivem de forma diferente a sexualidade

namoro



Namorados, noivos e até casais casados vivem a castidade. Uma alternativa pouco comum, mas que pode aumentar até a união do casal

O aspecto sexual nas relações é algo presente diariamente em conversas, na televisão, nas revistas e na internet. Entretanto, existem casais de namorados, noivos e até mesmo casados que buscam viver uma relação diferente. São aqueles que vivem a castidade. Eles afirmam que esse estilo de vida une mais o casal, aumenta o respeito mútuo e a segurança quanto à fidelidade, além da motivação e ao mesmo tempo o benefício maior, que para eles é ter a certeza de que estão fazendo a vontade de Deus.

Parece estranho pensar em casais que namoram há anos e não têm relação sexual, mas isso existe. Para as pessoas que buscam viver a castidade, a relação sexual só ganha sentido no casamento, pois de acordo com a doutrina católica o sexo é algo bom, mas que deve ser feito unicamente com dois sentidos: o unitivo que reflete o dom de entrega total entre os esposos, e o procriativo que implica na abertura à geração de filhos.

No caso dos namorados Gabriela Lobo, 23 anos, estudante de medicina, e Fábio Reis, 23 anos e também estudante de medicina, a castidade é vivida no namoro, fase em que, de acordo com os princípios de vida do casal, ainda não é o momento certo de viver a relação sexual. Os dois são católicos praticantes e namoram há quase sete anos nesse estilo de vida.

Viver a castidade para Gabriela não era um mistério, pois já vinha de uma formação cristã desde pequena, mas para Fábio no início foi complicado. “A primeira dificuldade foi a minha aceitação, porque eu não via sentido nisso. No início só aceitava pela Gabriela. Com o tempo percebi que precisava ser uma convicção pessoal”, relata. A jovem afirma que para convencê-lo foi todo um processo para explicar que “a castidade é um estilo de vida que ajuda a crescer como um todo, no respeito pelo valor do corpo do outro, na maturidade afetiva do casal e principalmente para crescer no amor.”

Para o casal a castidade é uma luta diária. Fábio conta que a pressão dos amigos para se desviar desse caminho sempre foi muito forte. “Desde o início e até hoje sempre existem aqueles que não acreditam que nós procuramos viver isso. Alguns falam que não têm problema fazer, pois é só mais uma forma de mostrar quanto nos gostamos ou até que eu preciso aproveitar a vida, e que os homens têm suas necessidades.”

Mesmo com essas influências e pensamentos diferentes, ele garante que a coerência com os ensinamentos da Igreja e saber que estão fazendo a vontade de Deus são as principais motivações para perseverar na castidade. “Viver dessa forma somente pelo racional, uma hora vai perder o sentido. Além da fé e das boas conseqüências para o nosso namoro e da certeza de que vamos colher um casamento mais sólido no futuro, temos muitos amigos que procuram viver o mesmo, e isso motiva muito”, assegura.

Essa vivência de fé, conta Gabriela, é feita ao participarem da missa, na confissão freqüente e com a orientação de um padre também. Já no aspecto mais humano, ela afirma que para não ceder “às tentações do corpo” ela cuida da roupa que está usando, certas formas de dançar, de sentar, de falar, e até carícias que vão estimular o outro. “Não que eu não queira estar bonita para o meu namorado, mas eu preciso saber o limite, e ajudar também para que ele consiga viver isso com coerência”, diz.

Mesmo com esses cuidados, os dois afirmam que vivem momentos românticos e se divertem como qualquer outro casal. “Nas datas especiais sabemos que estamos mais vulneráveis, e nosso limite é o mesmo de sempre. Lógico que não vamos para um motel no dia dos namorados”, revela Fábio. Gabriela diz que fazem viagens “somente com amigos ou família para evitar dormirem sozinhos no mesmo quarto.”

A castidade para os noivos
Para esses casais a transparência quando o assunto for sexo é muito necessária. Mesmo sem ter intimidade física, eles acabam tendo intimidade ao serem sinceros quando estão mais vulneráveis e precisam tomar mais cuidado para seguirem os próprios princípios. O casal de noivos, servidores públicos, que já namoram já quase oito anos e que vão casar em menos de duas semanas, Priscila Coelho, 26 anos, e Gustavo Ribeiro, 26 anos, a sinceridade nesse aspecto sexual tira todas as máscaras que poderiam existir em um relacionamento. “Nós sempre conversamos muito sobre tudo, somos muito amigos. Sabemos buscar prazer em outras coisas e dar valor a momentos que de pequenas tornam-se grandiosas”, afirma Priscila.

Ela conta com entusiasmo como está sendo especial essa fase do noivado para os dois. “ Tudo o que estamos preparando, cada detalhe do casamento, o planejamento da lua de mel, da vida a dois, a montagem do apartamento, a preparação da cerimônia. Tudo tem um significado muito maior.”

Para o psicólogo e terapeuta Marcelo Tomokiti, 30 anos, as maiores dificuldades para quem busca viver a castidade é a “cultura predominante na sociedade hoje que prega o próprio prazer como o supremo bem da vida humana”, afirma. Para vencer essas dificuldades, Tomokiti assegura que é necessário “o autoconhecimento e o fortalecimento das próprias convicções.”

A castidade no casamento 
Os noivos são aconselhados pela doutrina católica a viverem essa virtude também no matrimônio. As motivações são as mesmas desde o namoro, sendo a principal o seguimento dos ensinamentos da Igreja Católica. Entretanto, um aspecto particular da castidade no casamento diz respeito às formas de planejamento familiar, isto é, os casais utilizam apenas com os métodos naturais e não uso de preservativos ou remédios anticoncepcionais para evitar a gravidez. O casal casto que não planeja ter filhos em um determinado momento, tem relação sexual quando a esposa não está em período fértil, e durante os períodos férteis, vivem em abstinência para que não precisem utilizar de métodos artificiais que não são aceitos pela doutrina católica.

Luciana Chagas, 24 anos, dona de casa, e Renato Chagas, 25 anos, empresário, estão casados há dez meses, acabaram de ter a primeira filha e vivem a castidade no casamento. “A castidade no matrimônio, antes de ser somente o uso de métodos naturais, significa primeiro ter um lugar no coração reservado para amar a Deus e um lugar reservado para amar ao cônjuge. É uma sexualidade vivida de acordo com a dignidade da pessoa, com o valor que ela tem por si só”, explica Renato.

De acordo com Associação Nacional Pró-Vida e Pró-Família, que defende o uso dos métodos naturais, algumas das formas mais comuns são: o “calendário”, que permite obter, mediante cálculos matemáticos, os dias de fertilidade do casal; o método da temperatura corporal da mulher devido ao aumento hormonal da progesterona; e o método billings, que reconhece o período fértil da mulher pela observação diária de uma secreção natural da mulher que varia de acordo com o ciclo menstrual e que fica mais evidente no período fértil, de ovulação. No caso da Luciana, ela utiliza o método billings juntamente com o da temperatura basal.Como ela está em período de gravidez, Renato afirma “que é mais fácil viver esse momento de abstinência, justamente pelos dois terem vivido um namoro na castidade.” E Luciana garante que isso traz muito mais segurança na fidelidade do casal. “Sei que mesmo não podendo ter uma relação sexual em alguma época do casamento, isso não vai levar o meu marido a buscar outra pessoa, ou até mesmo procurar obter prazer sozinho, com filmes pornográficos ou revistas.É uma fidelidade que busca ser completa, não somente em relação a traição com outra pessoa, mas em pensamentos e atos individuais.”

Por Cláudia Lafetá para o Jovens Conectados 

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