Um dia, perguntaram para a Dona Pastoral da Juventude quem ela era. Ela respondeu que não era uma, eram várias em uma só. Vários lugares, várias juventudes. Disse que estava aqui, que estava lá, que estava em todo e qualquer lugar. Os jovens e as jovens insistiram. Quem é você? O que a motiva? Era tarde para a noite. Corria o ano de 1996. Nas terras calorosas de Minas Gerais, na cidade de Divinópolis, a PJ assim se pronunciou.
“Somos Pastoral da Juventude organizada dentro da Igreja Católica, no Brasil, com linha e metodologia própria, aberta ao novo acolhimento dos anseios da juventude, garantindo o seu protoganismo, evangelizando de forma inculturada na realidade em que vivemos.”
“Somos jovens felizes, apaixonados, ternos e motivados pela fé. Encaramos a vida com potencial criativo muito grande, valorizando a arte (dança, poesia, música…), o lazer o corpo, o símbolo, a cultura, com ardor, sonhos e amor pela causa do Reino de Deus.”
Um jovem sorriu, outra jovem se alegrou. Aquilo que se é, não é algo do qual se possa abrir mão. Somos Igreja, com nosso jeito brasileiro de ser, com nossa metodologia, sempre abertos às novidades que a juventude traz e sempre priorizando que eles estejam à frente, que sejam os atores principais de suas vidas, testemunhando a boa notícia de Jesus, onde estivermos, com alegria, paixão, ternura. Não abrimos mão da arte como elemento evangelizador e de expressão dessa mesma vida. Vida para todos, expressão do Reino do Deus.
Mas as jovens queriam saber mais. Os jovens encantados também estavam sedentos. Que opções a Dona PJ fazia em seu trabalho para garantir a coerência desta identidade que apregoava?
“Somos Jovens das diversas realidades regionais do país, na maioria empobrecida e, a exemplo de Jesus Cristo e da Igreja da América Latina, fazemos opção pelos pobres e jovens. Encontramo-nos em grupos para partilhar e celebrar a vida, as lutas, os sofrimentos e cultivar a amizade baseada em uma formação integral e mística próprias.”
“Somos grupos de jovens motivados pela fé, atuando dentro das comunidades eclesiais, a serviço da sua organização e animação.”
O jovem sabia que era dele e de tantos iguais a ele que a Dona PJ falava. Rapaziada pobre como foi Jesus. Uma turma que se virava para se manter e que se solidarizava com outros tantos tais como eles. Uma galera que sabia que juntos podiam mais, e por isso gostavam de estar em grupos e nestes grupos se reconheciam, celebravam, viviam. Moças e rapazes que davam ânimo para a comunidade onde comungavam da mesma fé e de onde partiam com o aprendizado dos primeiros passos de como se organizar pastoralmente.
Mas eles queriam saber mais de Dona PJ. Ela sorridente e pacientemente esperava a pergunta. Qual era o olhar fora da Igreja? Ela também está presente lá? Qual não foi sua satisfação quando respondeu:
“Atuamos, também, na sociedade, inseridos nos movimentos sociais, com destaques para a participação política partidária, movimentos populares e outras organizações que lutam em defesa da vida e da dignidade humana”.
Sim. Eles estavam entendendo que a proposta era ampla. Era uma atuação plena, integral, que contemplava o jovem como um todo. Mas as moças começaram a se trocar olhares. Os rapazes perceberam o que estava acontecendo. E a pergunta não tardou: Para uma atuação assim, é preciso estar muito bem organizados, não?
“Organizamo-nos de acordo com as coordenações dos grupos, paróquias, setores ou regiões pastorais, dioceses e regionais, inseridos na Igreja Católica do Brasil e da América Latina. Assim construímos e registramos nossa história, criando unidade na diversidade”.
Eles estavam quase que plenamente satisfeitos. Mas faltava uma última questão. Diante disso tudo que vivemos. Qual é a proposta? Qual é a alternativa?
“Diante de uma política desumana de manipulação dos meios de comunicação social e de uma realidade tão diversa, ousamos assumir e propor os projetos da Pastoral da Juventude do Brasil, como alternativa na construção da Civilização do Amor, sendo presença gratuita e qualificada no meio da juventude, atuando também em parceria com outras pastorais e organizações da sociedade”.
Era isso que eles queriam. Era isso que elas eram. Viver esta proposta. Ser pejoteiras e pejoteiros. Sair pejotando, amando, lutando, evangelizando e transformando o mundo em que vivemos. Anunciando a tão sonhada Civilização do amor.
Fonte: http://pejotando.blogspot.com.br
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