São Leão Magno
O papa São Sixto III morreu pelo ano de 440, no mês de agosto. Após um conclave que durou 18 anos, foi eleito para suceder-lhe, São Leão, seu arquidiácono, natural da Toscana, mas nascido em Roma, entre os anos 390 e 400, portanto, no final do século IV ou começo do V. Estava ele nas Gálias, onde acabara de reconciliar os generais Aécio e Albino. Tão alto era o conceito em que a Igreja o tinha que preferiu ficar quarenta dias sem pastor a nomear outro. E o que houve de admirável nisso foi que, durante tão longo tempo, não se formou nenhuma perturbação na cidade. Enviaram-lhe emissários para convidá-lo a vir tomar conta de sua pátria e de sua Igreja.
Ele veio e foi ordenado bispo, num domingo, dia 29 de setembro do mesmo ano. Sentiu-se menos alegre com a sagração do que com a obrigação de servir aos outros. Não foi sem receio que se deixou investir de tão alto ministério, sabendo que poderia causar frequentes quedas. Mas a afeição que o povo lhe testemunhou à sua entrada, deu-lhe esperança de conduzi-lo com facilidade e levá-lo ao bem, sem restrições. E não se enganou. O povo teve por ele grande submissão.
Eram tempos difíceis. Por um lado, o Império Romano esfacelava-se e já não conseguia conter as hordas de bárbaros que invadiam e saqueavam seus domínios. Por outro lado, a Igreja enfrentava divisões e dissidências doutrinárias em seu interior. Um panorama tão sombrio que só não levou o Ocidente ao caos por causa da atuação de Leão I nos dois terrenos: o espiritual e o material.
Na esfera espiritual, ele permaneceu firme, defendendo as verdades do catolicismo diante das grandes heresias que sacudiram o século V, e atuou participando de discussões, encontros e concílios. Foi nessa época que escreveu um dos documentos mais importantes para a fé: a “Carta dogmática a Flaviano”, o patriarca de Constantinopla, defendendo as posições ortodoxas do cristianismo. “Pedro falou pela boca de Leão”, diziam os sacerdotes da Igreja que acabavam concordando com os argumentos. Estão guardados mais de cem dos seus sermões, além de cento e quarenta e três cartas contendo ensinamentos sobre a fé cristã, seguidos e respeitados ainda hoje.
Já no plano material, era o único que poderia conseguir, graças ao seu prestígio e à sua eloquência, que o terrível rei Átila, comandante dos bárbaros hunos, não destruísse Roma e a Itália. A missão poderia ser fatal, pois Átila já invadira, conquistara e destruíra a ferro e fogo o norte do país. Mesmo assim Leão I foi ao seu encontro e saiu vitorioso da situação. Mais tarde, foi a vez de conter os vândalos, que, liderados pelo chefe bárbaro Genserico, entraram em Roma. Só não atearam fogo à Cidade Eterna e não dizimaram sua população graças à atuação do grande pontífice.
Não existem relatos sobre os seus últimos dias de vida. O livro dos papas diz que Leão I governou vinte e um anos, um mês e treze dias. Faleceu no dia 10 de novembro de 461 e foi sepultado na Basílica de São Pedro, em Roma. O papa Bento XIV proclamou-o doutor da Igreja em 1754. Leão I foi o primeiro papa a receber o título de “o Magno”.
A Igreja também celebra hoje a memória dos santos Ninfa e Florência.
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