Bote Fé Belém iniciou a sexta-feira em momentos de profunda comoção e lembranças do beato. Após a Santa Missa na Paróquia Menino Deus, a Cruz e o Ícone de Nossa Senhora visitaram o Abrigo João Paulo II, no município de Marituba (PA), que acolhe cerca de 50 portadores de hanseníase e que foi visitado por João Paulo II, em 1980.
“É muito importante para nós receber esta Cruz que foi entregue por João Paulo II”, ressaltou o paciente João Meireles que vive no abrigo desde a época da visita do Papa e que não esconde a sua alegria ao recordar a visita de um dos mais recentes beatos da Igreja Católica. “Ver o Papa de pertinho foi uma bênção na minha vida”, destacou.
A assistente espiritual da instituição, Irmã Maria Imelda, religiosa da Congregação Pequenas Irmãs da Sagrada Face, conta que após a visita em Marituba, João Paulo II sempre perguntava aos bispos brasileiros como estavam os “seus irmãos do abrigo”.
“É um lugar de sofrimento, mas não de tristeza”. Foi assim que reforçou a religiosa, o que também é comprovado pela residente Jandira Damasceno que vive no abrigo desde de 1980. Ao tocar na cruz, dona Jandira relatou que não pediu apenas por ela, mas por sua família e, em especial, pelo seu neto que não fala.
No local, foi erguido um busto em homenagem ao antecessor de Bento XVI, onde ainda ecoam suas palavras que sustentam os moradores do abrigo:
“Ainda quando pisa sobre o corpo, a cruz da doença carregada em comunhão com a de Cristo se torna também fonte da salvação, de vida ou de Ressurreição para o próprio doente e para os outros, para a humanidade inteira”.
Hanseníase: uma doença ainda cheia de preconceitos*
A hanseníase ou lepra é uma das doenças mais citadas na Bíblia, sobretudo no Antigo Testamento e ainda marcada por muitos preconceitos. No Brasil, por exemplo, um decreto instituiu em 1923 o isolamento compulsório para os pacientes, o que foi abolido apenas em 1976. Contudo, ainda há registros de pacientes internados à força até 1986.
Assim, como as antigas colônias de isolamento, o Abrigo João Paulo II, antes denominado Colônia de Hansenianos de Marituba, também era uma verdadeira cidade, com igreja, espaços de lazer, delegacia e onde também realizavam casamentos dos moradores. A mudança do nome e o fim da política de isolamento teve grande incentivo após a visita do beato.
A doença tem tratamento e cura, porém ainda são registrados inúmeros novos casos e ainda não está erradicada. De 2000 até 2011, por exemplo, mais de 516 mil brasileiros contraíram a doença, sendo o Brasil o país que concentra 92,4% dos novos casos de hanseníase nas Américas.
Muito ainda se deve debater sobre a doença, o que se pretende realizar na Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, que já aprovou requerimento para uma audiência pública que vai discutir a hanseníase como um dos desafios do país na atualidade.
João Paulo II também é recordado no Seminário visitado por ele
Após visitarem a Paróquia Nossa Senhora das Graças, os sinais da Jornada Mundial chegaram ao Seminário Arquidiocesano São Pio X, também visitado por João Paulo II, para um encontro com sacerdotes, seminaristas, diáconos, religiosos e consagrados da Arquidiocese de Belém.
Padre Jaime Pereira é sacerdote da Arquidiocese e estava no Seminário quando aconteceu a visita do Papa. Para ele, a lembrança do Para Karol Wojtyła é sempre muito forte e afirma que a visita dos símbolos é uma linguagem viva de sua presença. “È muito importante ver a preocupação que João Paulo II tinha com os jovens. Eles estão muito expostos e precisam ter força para seguir”, conclui padre Jaime ao refletir sobre a juventude no mundo contemporâneo, onde são “bombardeados” por caminhos e valores negativos, mas ratifica que eles são a esperança de um mundo melhor.
Já o seminarista arquidiocesano do 1º ano de Teologia, Mayco Rodrigues, afirma que a experiência de receber a Cruz significa para ele um encontro com a pessoa de João Paulo II: “Estou aqui sendo visitado também por ele. Minha experiência com foi de encontrar uma pessoa que quis mudar o mundo”.
Mayco também recorda como a voz do beato era uma voz de Deus para os jovens. “João Paulo II soube perceber que o jovem gosta do desafio e, com isso, ele nos deu esta grande oportunidade de viver as Jornadas Mundiais da Juventude”, reforçou o seminarista.
Na tarde desta sexta-feira, 19, a Cruz e o Ícone percorrem ainda diversos locais da cidade, como o Hospital Metropolitano, Shopping Castanheira, Universidade da Amazônia (UNAMA), Centro Universitário do Pará (CESUPA). No fim da tarde, haverá um encontro com colégios católicos e universitários de Belém, no Colégio Salesiano e ginásio da Universidade do Estado do Pará (Uepa) respectivamente e, em seguida, visita a Paróquia de Santa Cruz para a celebração da Via Sacra e, por fim, na Casa da Juventude Comunidade Católica (Caju) os jovens poderão participar de uma vigília solene até às 6h de sábado.
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Por Gracielle Reis
Foto: Ana Elaine Nascimento
*Com informações do Portal da Câmara.
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