Refletir sobre a revitalização da pastoral juvenil dentro das diferentes realidades nacionais. Esse foi o foco do segundo dia do XVII Encontro Latino Americano de Responsáveis Nacionais de Pastoral Juvenil.
Os jovens delegados de cada uma das quatro regiões em que está dividida a pastoral juvenil latino americana apresentaram o resultado das pesquisas feitas com as conferências episcopais. Entre os principais problemas apresentados, alguns são comuns e recorrentes, como a dificuldade financeira para trabalhar a pastoral juvenil e a carência de assessores para acompanhar o trabalho com a juventude.
A importância das equipes de coordenação nacional serem formadas na maioria por jovens e a presença de um documento orientador dos trabalhos da pastoral juvenil foram os principais pontos positivos em comum nas diversas realidades eclesiais da América Latina.
Outro desafio apresentado pela maioria dos jovens é a dificuldade em articular o trabalho da Pastoral Juvenil com congregações e movimentos que atuam junto a juventude. Segundo as respostas enviadas pelas conferências, a maior parte dos países não consegue dimensionar quantos grupos jovens existem em cada realidade.
A renovação carismática é o principal movimento presente nos trabalhos junto à juventude visto nas diferentes regiões e os salesianos são a principal congregação nesse acompanhamento. Esses grupos, em sua maioria, tem planejamento e trabalho independente e não se integram com as ações desenvolvidas pela pastoral juvenil.
México e América Central
A jovem Francis Castillo, delegada da região do México e América Central (que inclui Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Honduras, Nicarágua e Panamá), apontou alguns pontos positivos como a existência de documentos para orientar o trabalho de ação evangelizadora junto aos jovens.
Entre os grupos jovens da região, segundo ela, há um sentimento de pertença à pastoral juvenil e planos pastorais estruturados. Mas falta apoio dos párocos, além de formação sistemática e militância em causas sociais e de cidadania.
Segundo Francis, mais de 60% dos jovens ainda conhecem pouco o trabalho de revitalização da pastoral juvenil latino-americana, mas há um esforço das conferências para mudar esse número.
Cone Sul
Todos os cinco países do Cone Sul (Argentina, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai) responderam aos questionados. Segundo a delegada jovem da área, Micaela Rojas, apenas um dos países ainda não tem seu documento orientador do trabalho de pastoral juvenil.
O trabalho orgânico e articulado, adaptável à realidade diocesana foi apontado como o principal ponto a favor pelas coordenações nacionais de pastoral juvenil de cada um dos países da região. Já a falta de material formativo e de recursos econômicos dificulta os trabalhos, na avaliação dos que estão à frente dos trabalhos.
Micaela disse que três momentos foram importantes para conseguir crescer o trabalho da pastoral juvenil na região. O primeiro foi a criação de uma equipe de comunicação com um membro de cada país, para melhorar o intercâmbio de experiências e trabalhar atividades comuns. O segundo foi o 8o Encontro de Coordenadores Nacionais da região, em que os jovens traçaram horizontes comuns. O último trabalho foi realizar o 4o Gesto Comum da região para valorizar a vida dos jovens.
Caribe
Dos sete países (Cuba, Curaçao, Haiti, Jamaica, Porto Rico, República Dominicana e Venezuela) da região caribenha, 4 enviaram suas informações sobre o trabalho de pastoral juvenil. Em cada comissão nacional de juventude, jovens são 3 em cada 4 integrantes ou, pelo menos, metade do colegiado.
Edwin Rodríguez, jovem delegado da região e membro da pastoral juvenil da República Dominicana, apresentou os resultados. Ele ressaltou o vínculo entre a proposta pastoral e a doutrina da Igreja como ponto a ser valorizado, mas apontou problemas logísticos como a distribuição de tarefas, geografia e o fluxo de informação.
A ação de movimentos e congregações junto à juventude consegue dar respostas a realidades particulares da juventude, como jovens em risco e migrantes, mas é descentralizada e desvinculada do projeto juvenil. A articulação com outras instâncias de defesa dos direitos humanos e de cidadania fora da Igreja não existe ainda em nenhum dos trabalhos pastorais na região, diferente de outros países da América Latina.
Andina
O boliviano Franz Veizaga, jovem delegado dos países andinos (Bolívia, Colômbia, Equador e Peru), ressaltou que as coordenações nacionais de pastoral juvenil conseguem promover o protagonismo juvenil e incorporar as propostas da América Latina para revitalização das ações com a juventude.
Ele apresentou a mudança constante de assessores e jovens lideranças um impedimento para a continuidade dos trabalhos de formação dos jovens. Dentro dos grupos de jovens paroquiais falta ainda assessores, o apoio de padres é mínimo e falta a formação de líderes.
Os trabalhos pastorais com a juventude estão conectados com outros organismos que atuam na realidade juvenil além de haver diálogo com outras ações na Igreja.
Debates nos grupos
Os grupos refletiram, em um primeiro momento, sobre como a proposta de revitalização está trabalhada em cada realidade nacional. À tarde, os debates foram sobre as experiências individuais a partir dos testemunhos de jovens da Costa Rica, Venezuela, Bolívia e Argentina sobre como estão trabalhando com as propostas.
Ao final da tarde, todos se juntaram para meditar sobre as cruzes que vários jovens vivenciam e as as cruzes do trabalho na pastoral juvenil. Como toda noite de encontro, os jovens do Caribe puderam apresentar um pouco de sua cultura, de sua música e sua culinária.
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