Num outro artigo, comentava sobre a decisão que a Coordenação Regional da Pastoral da Juventude do Sul 1 (estado de SP) tomou em relação aos grupos de trabalho criados na última assembleia regional. Estes grupos de trabalho (GT’s) estão a serviço não da coordenação regional, mas sim dos grupos de pastoral da juventude (paróquias, dioceses e sub regiões) deste estado. E eles foram criados sob a inspiração dos projetos nacionais aprovados na última ampliada nacional. Cada GT recebe um nome de um dos projetos e procura desenvolver trabalhos a partir das motivações destes mesmos projetos.
Pois bem, a decisão que a CRPJ Sul 1 tomou diz respeito às orientações que estes GT’s terão para poder desenvolver o próprio caminhar. Foram dadas duas prioridades pastorais: “Nucleação de Grupos de Jovens” e “Trabalhar e Fortalecer a Identidade da PJ”. Isto significa que toda ação que estes GT’s tomarem tem que ter como objetivo último estas duas prioridades.
A pergunta que caberia fazer aqui é se vale qualquer ação para dar conta destas prioridades? A resposta clara é não! A CRPJ do Sul 1 elencou doze princípios pastorais que servem para balizar estas prioridades. E é sobre metade delas que falaremos hoje. Antes, vale ressaltar que estas dicas são direcionadas para os GT’s, mas podem ser utilizadas por qualquer grupo de pastoral que esteja interessado.
1. Partir do que já existe;
Imagine que estamos falando do GT “Teias da Comunicação”. Eles foram chamados para ajudar uma diocese a melhorar sua forma de repassar as informações para as paróquias e grupos. O princípio “partir do que já existe” cabe muito bem aqui. Nenhum GT pode querer começar a inventar a roda. Nós já conhecemos a roda, mas talvez não conheçamos todas as formas de aplicar seu uso. No caso deste exemplo, se a diocese chamou o GT para melhorar seus métodos é porque eles têm algo que pode suprir ou não suas necessidades. É preciso antes conhecer como as coisas são por lá para dar sugestões que possam de fato melhorar a situação. É importante inovar, sem dúvida. Mas não se pode deixar de lado a história construída.
2. Compreender a cultura juvenil e falar a sua língua;
No regional Sul 1, um dos enfoques do projeto Ajuri trata sobre a diversidade das culturas juvenis. Sentimos que além de um princípio, esta também é uma urgência. Não compreender o mundo jovem e não saber se comunicar com ele é uma falha pastoral imensa. Quem não fala a língua da juventude, corre o risco de acabar falando sozinho. Portanto, as manifestações culturais e típicas dos grupos juvenis não nos devem assustar. Em muitos casos são manifestações de busca de uma identidade e de auto afirmação. É preciso distinguir quando é um caso, quando é outro e quando não é nada disso... Compreender a cultura juvenil não implica em impor nosso jeito de pensar, ser, agir ou crer. É preciso aproximar-se e entender os contextos presentes.
3. Fomentar o Protagonismo Juvenil;
Protagonismo juvenil é uma das balizas da Pastoral da Juventude. Não é, como muitos dizem e muito se lê por aí, uma forma de amenizar os problemas do mundo. Protagonismo juvenil é uma forma concreta de realizar mudanças em contextos sociais. É uma forma de mudar pensamentos e atitudes. O GT “A juventude quer viver”, por exemplo, acredita nesta proposta quando realiza conferências livres para discutir políticas públicas para juventude. É missão de todos os GT’s (e de toda a PJ) trazer o jovem para o centro das discussões para que ele tenha as rédeas nas mãos. É mais do que ajuda-lo a refazer algo, é ajuda-lo a criar!
4. Fortalecer a Pastoral de Conjunto;
Não somos PJ se estivermos desligados do contexto eclesial. Não se pode abrir mão desta dimensão. Pelo contrário. É preciso ser e se fazer Igreja, apesar dos desencontros e dificuldades. É preciso saber que não temos todas as respostas e não temos a obrigação e a condição de acolher todas as juventudes. É preciso fazer parcerias numa relação onde todas as partes contribuam e todas elas ganhem também. Interagir não significa deixar de ser quem se é. O GT “Caminhos da Esperança”, por exemplo, apresenta uma contribuição valiosa quando aponta para a necessidade de formação e acompanhamento das lideranças. Sabe-se que não formamos só para a PJ, mas para a vida. E a dimensão eclesial, de pastorais se ajudando faz parte desta formação.
5. Ser Boa Notícia e seguidor/a de Cristo;
A dimensão teológica da PJ não é algo acessório, do qual se pode abrir mão às vezes. É algo central, que nos dá identidade e fortalece nossa caminhada. Por isto, os momentos de espiritualidade vividos nos encontros da PJ são tão importantes. O GT “Mística e construção” tem como uma de suas tarefas ajudar na capacitação de grupos e lideranças para que possam compreender e trabalhar este aspecto de nossa formação. E a primeira maneira de qualquer grupo pejoteiro apresentar este lado místico e espiritual é com o próprio testemunho de vida. Para muitas pessoas que encontraremos em nossa caminhada, a relação que teremos com eles e a maneira como eles nos veem é o único Evangelho que “lerão” na vida. Temos que ser Boa Notícia para eles. E ser seguidor de Cristo não é ficar só falando de Jesus o tempo todo, mas carregar a nossa vida e os nossos relacionamentos de valores cristãos autênticos.
6. Promover a Vida;
Promover a vida tem tudo a ver com os princípios já expostos aqui. É lutar contra a violência, em especial aquela contra a juventude, é valorizar as relações, é apontar caminhos que nos tornem melhores para que o mundo seja melhor, é cuidar melhor do outro e daquilo que nos cerca. Para exemplificar, o GT “Tecendo relações” busca despertar e fomentar na turma pejoteira este aspecto da uma vida com qualidade, que valha a pena ser vivida. Para isso, quando você for pensar em cursos de formação, fique atento para esta dimensão do cuidado. Não coloque como um dos temas do encontro, mas como algo presente a cada momento. Quem cuida do outro, ajuda a promover a vida, porque sabe a importância que ela tem.
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Para o próximo texto, trataremos dos outros seis princípios restantes. Até lá.
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