Postagem do Dia 07/03/2012
Jeremias 18, 18-20; Mateus 20, 17-28
Continuamos nossa caminhada quaresmal. Mateus nos informa que Jesus está subindo para Jerusalém. O Mestre procura fazer com que seus discípulos tomem consciência que ele está caminhando para o fim de sua carreira terrena. Trata-se de um dos célebres anúncios da paixão. Há trevas e luzes nas palavras de Jesus. “O Filho do homem será entregue aos sumos sacerdotes e aos mestres da lei. Eles o condenarão à morte e o entregarão aos pagãos para zombarem dele para flagelá-lo e crucificá-lo. Mas no terceiro dia ressuscitará”. A comunicação desta notícia se fazia com gravidade. Uma morte dolorida, mas que escondia em seu bojo a vitória: “No terceiro dia ressuscitará”. Ouvimos este texto no começo de nossa caminhada quaresmal.
As preocupações e a fala de Jesus não tocam o coração porque os discípulos estavam preocupados com honrarias. Os filhos de Zebedeu contabilizavam os cálculos das vantagens e lucros de serem discípulos de Jesus e não entendiam a lógica do amor diferente que se exprimia na gramática do serviço e do esquecimento de si.
Um autor assim se exprime: “Jesus, com admirável paciência, procura fazer com que os apóstolos compreendessem que partilhar seu Reino será possível se eles estiverem dispostos a participar de seus sofrimentos. Quem designa os lugares no Reino é o Pai. O discípulo, aquele que crê renunciará a reconhecimento público e espaços de dominação. A nova comunidade que vai nascendo da pessoa de Jesus consiste mais no serviço do que na glória. Nesse mundo novo não se falará em obrigar a obedecer, mas usar de autoridade para servir, como um escravo dos outros. Jesus opõe esse estilo de “governar” ao estilo autoritário. Jesus anuncia a autoridade do serviço”.
Há uma questão incômoda colocada por Jesus aos filhos de Zebedeu e a nós. “Podeis beber o cálice que eu vou beber?” Na verdade queremos afastar de nós todo sofrimento, todo cálice, toda paixão. Temos medo da cruz. A missão que nos é confiada está na linha daquela que Jesus viveu até o fim. João e Tiago responderam a Jesus que estavam em condições de beber o cálice do sofrimento. Na verdade, naquele momento, estavam ainda apegados ao desejo de poder.
Nossa vida cristã é tentativa de fazer morrer o homem velho com sua concupiscência e seu desejo das coisas da terra. Por vezes, a graça toca os discípulos e eles vão se despojando. Conhecemos inúmeros cristãos que fizeram de sua vida um serviço alegre pelo outro e pela instauração da nova ordem de coisas que é o Reino.
Toda essa reflexão é precedida desse lamento do profeta Jeremias: “Eles (seus inimigos) cavaram uma cova para mim. Lembra-te que eu fui à tua presença, para interceder por eles e tentar afastar deles a tua ira”. Suspenso entre o céu a terra Jesus realizava essas palavras.
Frei Almir Guimarães
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