sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Reflexão


Diabruras em nome de Deus
Por: Dom Fernando Mason
 
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Recentemente, participando de um programa em uma emissora de rádio local, foi interrogado sobre outras igrejas cristãs. Respondi que não as temo, não as vejo como concorrentes, mas as respeito, pois Deus tem muitos caminhos. Mas é importante lembrar que algumas igrejas deixam-nos preocupados, não porque representam alguma ameaça, mas sim por causa da maneira como divulgam seus ensinamentos.

Nossa fé cristã celebra o otimismo, a esperança, a alegria, pois é a evidência que este mundo está cheio da presença de Deus; uma presença bem real, mas retraída no humilde mistério da Encarnação, como se vê em Jesus: sob a fragilidade de um ser humano, subjaz a presença e a força do Verbo de Deus.

Mas nem todos os que se declaram cristãos entenderam bem esta verdade fundamental da fé cristã; ainda que definam a si mesmos de missionários, de bispos, de homens de Deus; ainda que se digam enviados por Jesus; ainda que façam milagres às pencas...

Ligando a televisão assiste-se a um espetáculo deprimente. Há aquele que diz, com muita segurança, que as doenças são causadas por demônios e que ele tem poder de, em nome de Jesus, libertar as pessoas desses espíritos maus e de suas doenças. O problema é que um dia uma doença terá a vitória sobre nós e nos conduzirá à morte, dando assim a vitória ao demônio e derrotando o poder do nome de Jesus...

Há outros que, muito amavelmente, advertem-nos que podemos ser vítimas de qualquer pessoa mal intencionada, que qualquer um pode nos fazer o mal e acabar conosco com maus olhados, encostos, malfeitos ou sei lá com quais outras diabruras; e que estas coisas podem ser não de hoje, mas de décadas atrás e que podem vir até por herança de nossos pais; e que há lugares infestados de "trabalhos" que podem pegar em você, e que há dias e meses nefastos, carregados de desgraças; e que tudo de ruim que nos acontece tem origem nestas diabruras; diabruras que por isso precisam ser "descarregadas". Como não viver dominado pelo medo, com uma mensagem assim?

E há ainda o outro que diz que, por Deus, estou condenado a pagar até o último centavo o mal que fiz e faço (e quem não fez e não faz algum?), inclusive aquele de outras encarnações, do qual não tenho consciência nem recordação. E isso sem remissão, condenado como Sísifo ao trabalho de empurrar uma pedra enorme morro acima e, ao chegar quase ao topo, ela inexoravelmente rolar para abaixo, tendo que recomeçar tudo de novo.

Depois de mensagens tão animadoras, haja disposição para viver!

Se as coisas de fato estivessem assim como esses pregadores afirmam, paciência, sofreríamos por algum motivo. O ruim é que nos fazem sofrer à toa. Sim, porque nossa herança cristã tem bem outra sabedoria, bem outra experiência de Deus e da vida. Nossa fé nos fala da paternidade de Deus, de seu amor entranhado, de sua misericórdia, da sua alegria em perdoar, de sua providência e amparo amoroso, de sua proteção. Fala-nos da seriedade e unicidade da nossa vida, da paciência e inteligência que devemos ter nas adversidades; que tudo isso foi vivido por Jesus, do qual somos discípulos. E que é bem essa a "boa notícia", o Evangelho que ele nos trouxe.

Às vezes se joga fora a pérola preciosa para comprar bijuteria...

Reafirmamos nosso respeito por outras religiões, mas lamentamos o procedimento de algumas. E fazemos aqui referência a uma igreja que se intitula “Igreja Católica Apostólica Carismática”, cujo templo é chamado Paróquia das Santas Missões. Esclarecemos a todos que essa igreja não é católica romana, não tem qualquer vínculo com a Diocese de Piracicaba. Somos a favor da liberdade de culto, respeitamos as diversas igrejas cristãs, mas é lamentável que se utilizem nomes e imagens iguais às da Igreja Católica para se aproveitar da boa fé do povo.


 Fonte: www.catequisar.com.br

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